segunda-feira, 28 de abril de 2008

"Futebol é jogo viril, varonil, não homossexual"

O título para a postagem, acreditem ou não, é parte do texto escrito pelo juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, na sentença - recheada com homofobia - que determinou o arquivamento do processo movido pelo jogador Richarlysson, do São Paulo, contra José Cirillo Júnior, diretor do Palmeiras. Richarlysson alegou que Cirillo utilizou seu nome de forma indevida, ao insinuar sua homossexualidade, numa mesa redonda transmitida pela TV. O caso está mais detalhado aqui.

Hoje a discussão que une sexualidade e futebol voltou à tona: conforme noticiado pelo G1, o jogador Ronaldo saiu com travestis para um motel, no Rio de Janeiro. Andréia Albertine, uma das travestis envolvidas no caso, gravou um vídeo e pôs no Youtube. Ronaldo teria alegado que queria "apenas se divertir com garotas" e que desistiu de fazer o programa quando descobriu que não eram garotas, mas travestis.

Estas situações podem ser usadas para discutir a condição heteronormativa a que são expostos os diversos atores sociais e os jogadores de futebol, acima de tudo. Já são cerca de 320 respostas ao vídeo de Ronaldo, postado há apenas sete horas. Em sua esmagadora maioria, respostas preconceituosas e baseadas no senso comum heteronormativo.


Jornais brasileiros não poupam o meia do São Paulo de fotos esdrúxulas

Obviamente, não é a primeira vez que um jogador de futebol é ofendido por não estar num padrão considerado 'socialmente aceitável' para um esportista. Acontece que, para parte da sociedade, a imagem do esportista é ligada à saúde, e, de maneira eugênica, a homossexualidade é considerada doença, incompatível para um esportista. Para essa parte da sociedade, um atleta homossexual assumido nunca seria um atleta completo. Sempre carregaria o estigma do mas. "É bom jogador, mas é gay". Uma boa discussão sobre o tal mas se encontra aqui.

Sexualizar o debate não é uma saída. O Bola Rosa, por exemplo, faz isso. Elucidar regras do futebol apenas para mulheres sexualiza o debate. Claro que futebol também é para mulheres, mas será que apenas elas não conhecem as regras?

2 comentários:

Paula Carvalho disse...

http://www2.uol.com.br/josesimao/colunafolha.htm

as promised!
=**

Rai Tourinho disse...

Adorei teu post. Muito bom mesmo, é muito importante a sociedade começa a rever seus valores. Eu acredito que independente da natureza sexual da pessoa que Ronaldinho está indo para cama, nada tem a ver com a gente. O caso chegou a virar manchete no jornal, como se isso fosse a coisa mais importante ou mais absurda que aconteceu no dia (duvido). Quanto ao Bola rosa Erica vai me desculpar pois concordo com você (apesar de achar a proposta bastante válida, pois isso exclui as mulheres de certa forma), afinal eu mesma conheço mais de futebol do que meu noivo (rs).
bjos